No Vitória parece haver alguns sócios privilegiados. Lembro-me de pelo menos três situações que justificam esta minha afirmação. A primeira ocorreu numa assembleia geral, no tempo em que ainda o Eng. Julio Mendes era vice-presidente. Nessa altura houve um associado, António Lopes, que teve o privilégio de colocar uma questão a Julio Mendes. O privilégio não foi colocar a questão, foi a forma como esta foi respondida. Na altura Julio Mendes trazia já a resposta preparada, tendo mesmo recorrido ao uso de uma pen. Ai está algo que não está ao alcance de todos, só alguns têm o privilégio de adivinhar quais as questões que a direcção gostaria de ouvir. Entendeu-se logo ali que existia uma relação estranha entre esta direcção e alguns associados, entendeu-se também que havia quem estivesse disposto a colocar á direcção perguntas encomendadas. É triste mas assim vai gerindo esta direcção o clube, com falsas encenações, tentando criar a ilusão que tudo vai bem e que a competência abunda. A segunda situação que me leva a dizer que há associados privilegiados ocorreu também numa assembleia geral, na última. Certamente todos se recordam que João Cardoso deu permissão para que um associado fala-se fora do período destinado á intervenção dos sócios. João Cardoso disse na altura que iría permitir a título excepcional que um associado fala-se fora do período indicado. Curiosamente essa mesma intervenção, feita a título excepcional, apenas serviu para enaltecer a direcção. Curioso também foi o facto de o privilegiado, que pôde falar fora de tempo, ser novamente António Lopes. Mais uma vez voltámos a assistir a uma triste encenação, que não serviu se não para tentar amenizar aquela que seria previsivelmente uma assembleia geral muito complicada para a direcção. Por fim o terceiro motivo, aquele que me leva a escrever este post, ocorreu no jantar de comemoração do 89º aniversário do Vitória. Tal como se pode ver na imagem que ilustra o post, há alguns associados que têm direito a privilégios especiais. Fiquei muito surpreendido quando ao ver o video sobre o aniversário do Vitória, na guimarães tv, reparei neste pequeno pormenor, afinal houve quem tivesse direito a lugar reservado, a placa com o nome e á honrosa menção sobre os 25 anos de filiação. Mais uma vez quem é o privilegiado, António Lopes. Não consigo entender o que terá de tão especial o associado António Lopes, afinal o que faz dele tão distinto associado? Também eu tive a honra de receber neste último aniversário o emblema dos 25 anos de associado, mas não me recordo de ter tido o privilégio de me reservarem um lugar, ou de terem feito uma placa com o meu nome referindo que completava 25 anos de sócio. Porquê os 25 anos que eu e mais 352 associados completámos não são iguais aos de António Lopes? Não deveríamos ter todos os mesmos direitos? São situações como esta que me entristecem, que me demonstram que quem está á frente do Vitória não sabe o que é o Vitória. Não queria placa nenhuma, nem lugar reservado nem qualquer tipo de privilégio, queria isso sim que houvesse igualdade entre todos, que não existissem compadrios. Pois não me considero nem mais nem menos vitoriano do que ninguém, sou simplesmente vitoriano. Pois para mim só há um tipo de vitorianos, aqueles que sentem o clube, que vivem intensamente cada dia, que choram e que riem com o Vitória, aqueles que entendem que passe quem passar pelo Vitória o clube perpetua-se e será sempre muito maior do que qualquer associado, presidente ou jogador. Para mim um vitoriano é todo aquele que sente o clube, seja em que situação for, aquele que não têm simpatias por mais nenhum clube, aquele que ao ver o Vitória dentro de campo sente que estão ali estão inúmeras gerações de vimaranenses ávidos de sucesso e glória. Para mim ninguém é mais vitoriano do que ninguém só porque têm um número de sócio mais baixo, ou porque é mais rico ou mais pobre, só porque já esteve ou não directamente ligado ao clube. Não para mim ou se é vitoriano ou não se é. Por isso acho que todos devemos ser alvo dos mesmos privilégios e todos nos devemos unir para levar bem alto o nome do Vitória.
Fico por isso triste quando vejo que quem está a frente dos desígnios do Vitória, não entende algo tão básico com a essência de se ser vitoriano. É algo que é inerente aos vitorianos, o espírito de união, de família foi o que permitiu ao Vitória crescer, foi o que fez dos vitorianos uma força única. O sentimento de bairrismo foi o que sempre nos fez ser únicos, o orgulho que temos em ser vimaranenses e vitorianos, a capacidade de nos unirmos para superar-mos obstáculos, sempre nos ajudou a vencer e a demonstrar que não há metas impossíveis para o Vitória. Lembro-me da forma como me ensinaram a ser vimaranense e vitoriano, cresci a ouvir histórias da cidade e do clube. Contaram-me como as pessoas se uniam, como se vivia intensamente e apaixonadamente cada conquista do clube. Vi o orgulho nos olhos de quem me contava essas histórias, a forma como falavam do Vitória, parecia que estavam a falar de um filho. Aquele era o maior legado que me podiam deixar, ser vitoriano, pois isso representava a essência de ser vimaranense e representava uma paixão que os acompanhou por toda a vida. Ao recordar essas histórias, que me eram contadas, imagino como era bom ter podido ver o Vitória a jogar na Amorosa ou como era bom ver esse tipo de vitorianos a frente do nosso clube.
Acredito por isso que esta tendência da nossa direcção em privilegiar alguns associados não serve mais do que para dividir a família vitoriana. Este tipo de atitudes só pode ser tomada por quem não sente o Vitória, não conhece o clube e não sabe o que é ser vitoriano. Digo por isso que, mais do que por uma razão de resultados, esta direcção têm que sair. Têm que sair por uma questão de valores de éticos, têm que sair por falta de alma e paixão vitoriana, têm que sair porque não sabe o que é o Vitória, têm que sair porque está a matar a mística vitoriana e têm que sair porque se serve mais do Vitória do que serve o Vitória.