quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Problema


   O problema actual do Vitória têm origem numa pré-época que foi a vários níveis muito má. Actualmente a equipa está a pagar os erros que se cometeram durante a pré-época. Desde de início que as coisas não estão bem. A época começou muito cedo, o Vitória tinha de disputar duas pré-eliminatórias europeias e por isso deu início aos trabalhos mais cedo do que é normal. Até ai não há problema nenhum, devia era haver vantagens, pois teoricamente o Vitória poderia assim criar rotinas mais cedo e podia adequirir ritmo competitivo mais cedo. Mas infelizmente o que se verificou foi que, a única coisa que começou mais cedo foram as trapalhadas e incompetências da direcção.
   Primeiro houve o célebre caso N´Djeng, que demonstrou desde logo o extremo amadorismo a que estava condenado o Vitória. Depois foi a vez de o Sporting anular o jogo de apresentação que estava já marcado há mais de um ano. Mais uma situação que esta direcção não soube resolver. Perante o cancelamento deste jogo a direcção foi á pressa arranjar forma de participar no torneio Pedro Pauleta nos Açores. Coisa que, para mim, não foi mais do que um erro, prque se não vamos lá ver, este torneio decorreu a apenas poucos dias da primeira pré-eliminatória europeia. Algo que desde logo desaconselhava de todo a realização das viagens aos Açores naquelas datas. Mas para além disso o que ganhou o Vitória com a participação neste torneio? Nada, o Vitória não só não ganhou um único jogo, contra a Académica ganhou nos penalties, como ainda teve jogadores lesionados, como Paulo Sérgio. Ou seja esta solução de última hora, arranjada para substituir o jogo com o Sporting, foi em tudo má.
   Mas as coisas não se ficaram por ai e os erros continuaram a suceder-se a uma velocidade vertiginosa. Colocaram-se uma série de jogadores no mercado. Uns saíram, outros foram emprestados e outros ficaram na equipa. Alguns dos que foram vendidos ainda agora tenho dúvidas se não seriam úteis á equipa. Caso do Renan Garcia, jogador que tinha estado emprestado ao Beira-Mar e que tinha até reallizado uma boa época. Dos que foram emprestados, quase todos formados no clube, acho que alguns tinham lugar no plantel. Casos do João Amorim, do Vitor Bastos, Gonçalo ou do João Ribeiro. Acho que qualquer um destes jogadores teria lugar no actual plantel do Vitória, já para não falar que todos os que referi são portugueses e estavam já adaptados á equipa, não necessitando por isso de um período de adaptação. Por fim temos o estranho caso dos jogadores que foram dispensados, depois reentegrados no plantel e depois até emprestados. Como o Edgar, o Renan e o William. No primeiro caso, o do Edgar, o jogador foi afastado da equipa e colocado no mercado, contra a vontade de Manuel Machado. Essa colocação de Edgar no mercado afastou-o de jogos tão importantes como a final da Super Taça, ou a primeira mão da eliminatória com o Atlético de Madrid. No segundo caso, o Renan foi colocado no mercado por existir um desentendimento com o seu empresário, Jorge Beideck. Mas como não se conseguiu arranjar colocação para o jogador ele ficou, mas não foi inscrito no campeonato desde o início. Só que agora passou de dispensado e não inscrito no campeonato a titular. Por fim no terceiro caso, o do William, aconteceu algo verdadeiramente inacreditável, o jogador foi dispensado, depois devido a evidente falta de pontas de lança foi reentegrado e por fim foi emprestado. Mas isto foi apenas o que aconteceu com os jogadores que já vinham da época anterior.
   A juntar a toda esta situação houve ainda uma necessidade estranha de contratar um número anormal de jogadores. Jogadores que muitas vezes iam chegando a conta-gotas e sem que se conseguisse entender se eram realmente reforços ou não. Muitos dos jogadores que foram chegando durante a pré-época vieram de outros continentes e de outros campeonatos, pelo que se impunha um período mínimo de adaptação destes jogadores a uma nova realidade. Era necessário que se adaptassem ao estilo de futebol europeu e a sua nova realidade, o Vitória. Mas isso exigia tempo e tranquilidade, duas coisas que não existiam no Vitória. Não havia tempo porque as eliminatórias europeias e a final da Super Taça estavam á porta. Não havia tranquilidade porque existia uma enorme azafama de entradas e saídas de jogadores. Aqueles que eram os companheiros de hoje, podiam já não ser os de amanhã e como é natural isso dificulta a adaptação a um novo clube.
   A pré-época estava por isso tranformada num turbilhão de acontecimentos, que causavam alguma confusão e indefinição quanto ao futuro imediato da equipa. Mas por incrível que possa parecer isto não era tudo, ao mesmo tempo que tudo isto ia acontecendo houve ainda lugar para as novelas em torno dos regressos de Pedro Mendes, Nuno Assis e Fernando Meira. Algo que veio também agitar a pré-época vitoriana. Muito se falou sobre o regresso destes três jogadores e existia uma vontade enorme em que se realizassem os três regressos. Mas por entre vários recuos e avanços apenas regressaram Pedro Mendes e Nuno Assis. Sendo que Nuno Assis veio já numa altura em que o Vitória tinha perdido a Super Taça e em que o Vitória estava já eliminado das competições europeias.
   Assim se foi passando toda uma pré-época atípica, em que era praticamente impossível preparar uma equipa para um campeonato que teria um início anunciadamente muito exigente. Mas quando todos pensávamos que finalmente as coisas estavam a tomar um rumo, e que finalmente o Vitória tinha acalmado, eis que surge mais um caso nesta atribulada pré-época, o caso Carlão. Um jogador que foi dado como certo no Vitória, mas que acabou por ir para outro clube, tal como havia acontecido com N´Djeng. Só que desta vez o caso era ainda pior, o jogador foi desviado pelo Braga. Mais um caso que levou ao desespero os vitorianos e que deixou a nú as incompetências desta direcção.
   Finalmente a pré-época acabou e todos estes casos tinham ficado para trás. O Vitória já tinha pago um preço demasiado elevado por tanta incompetência, tinha sido eliminado da Liga Europa e tinha perdido a final da Super Taça. Era hora de olhar em frente e tentar minimizar os estragos que estavam feitos. Mas eis que surgiu mais um factor destabilizador, Manuel Machado demitiu-se. Quanto a mim esta saída de Manuel Machado apenas peca por tardia, mas a verdade é que isso voltou a agitar a equipa.
   Estes são os vários problemas que levaram o Vitória á posição em que actualmente se encontra. É por tudo isto que o Vitória actuaalmente não existe como equipa, é por tudo isto que em 12 jogos oficiais o Vitória têm 8 derrotas, 2 empates e 2 vitórias.
   Mas este é apenas o problema actual do Vitória, o problema que explica porque somos a equipa que pior futebol joga na primeira liga e porque é que o Vitória dos 21 pontos já disputados no campeonato apenas somou 4. Mas para além deste actual problema, que é preocupante, o Vitória têm ainda um outro problema, igualmente preocupante mas mais grave que o actual. Esse problema é a direcção que o Vitória têm. E é um problema mais grave que o actual porque, se não for resolvido irá permitir que estes erros, a que temos assistido, se vão repetindo. E podem depois causar uma situação que difícilmente seja revertível. Não podemos por isso continuar a conviver com esta situação, temos que ser capazes de resolver este problema, que se vai arrastando e alastrando como um cancro.
   Basta ver-mos que se tiver-mos um pouco de atenção ao passado recente do clube, facilmente encontrámos uma situação em tudo idêntica á actual. Se pensarmos no último apuramento europeu do Vitória, notámos que essa época foi muito parecida com a actual. Na altura o Vitória apurou-se para a Liga dos Campeões e também ai as coisas correram mal, por manifesta incompetência da direcção, que era a mesma direcção que está actualmente no Vitória. Já na altura o Vitória teve um mau início de época, tendo também jogado duas eliminatórias europeias, uma para a Liga dos Campeões e outra para a Liga Europa, e foi eliminado nas duas. Isso aconteceu na altura, tal como hoje, porque existiu também uma má planificação da época. Vendeu-se na altura um jogador como o Geromel, perdeu-se um jogador como o Alan por causa das alianças com o Benfica e deixou-se sair o Ghilas por causa de um desentendimento na renovação. Tendo-se colmatado estas saídas com as grandes contratações de Wenio e Gregory, jogadores que vieram a custo zero e que eram manifestamente pouco para as ambições que o Vitória teria que ter na altura. Ou seja mais uma vez o Vitória só não foi mais longe por clara incompetência e amadorismo desta direcção.
   Os erros são muito claros e vão-se repetindo, está aos olhos de todos aquilo que esta direcção está a fazer ao Vitória. O que o Vitória têm perdido por culpa do amadorismo, da incompetência e da falta de ambição desta direcção é muito claro. Resta-nos por isso decidir se queremos continuar assim, ou se queremos de uma vez por todas dar o salto, voltar a ver o Vitória como uma equipa temível que é respeitada em todos os campos onde joga e que joga sempre para ganhar. A solução é fácil, basta-nos dizer, chega, e indicar a Emilio Macedo e seus pares o caminho da saída. Depois têmos que ter mais cabeça e mais cuidado quando escolher-mos a próxima direcção. É que mais uma escolha como esta, mais uma direcção como a actual e o Vitória poderá nunca mais recuperar de tanta incompetência.

4 comentários:

Afonso disse...

É preciso tempo e paciencia para ler-mos o que tem sido a nossa epoca futebolistica desta epoca.
Parabens por este resumo, louvo a sua paciencia e sua capacidade de escrever tudo isto sem utilizar algum calão, eu não teria essa capacidade.

Agora quando tiver tempo, talvez ainda gaste o dobro para falar das finanças e dos proceesos administrativos que tambem têm acontecido desde então.

P.S. O seu "amigo" António Lopes colocou-se novamente a jeito.

Sonho Vitoriano!!! disse...

É verdade é necessário ter alguma paciência para analisar esta época do Vitória, mas nós vitorianos nunca desistimos e nunca vamos abandonar o nosso clube, por mais negra que a situação possa ser.
Sim o António Lopes voltou á berlinda, mas desta vez a culpa n~~ao foi dele, mas sim de um jornal que lhe resolveu dar destaque. Infelizmente apenas para que, como já é habitual, possa bajular a direcção. Triste figura que lhe garante o tão distinto tratamento por parte da direcção.

Afonso disse...

Caro Sonho?

Será que foi assim tão inocente o jornal ter ido ter com o ilustre Lopes, ou será que a proxima excursão terá como destino o apoio á AG para votarem para a continuidade destes senhores como lideres do VSC?

Sonho Vitoriano!!! disse...

O facto de o jornal ter ido ouvir a opinião de António Lopes é fácil de compreender. É apenas o resultado do destaque que esta direcção dá a este associado.
Quanto á próxima excursão, a que os amigos do Vitória, estão a organizar a Olhão, parece-me também evidente que é uma forma que a direcção arranjou para garantir o apoio de um grupo de associados nas próximas assembleias gerais. É que a confirmar-se a assembleia geral, para destituição da direcção,Emilio Macedo vai necessitar de bastante apoio.